Depois de dois meses de restrições, o regime de lockdown em Xangai foi encerrado à meia noite da última quarta-feira. A volta à normalidade impactou os chineses, que puderam voltar a circular pela cidade, utilizar o transporte público, trabalhar e realizar outras atividades corriqueiras.
O bloqueio causou danos à economia ao pressionar a cadeia de suprimentos, provocar o aumento da inflação e interromper o fluxo dos negócios. Os 25 milhões de habitantes que vivem na maior cidade da China voltaram a ter liberdade, mas agora passam a enfrentar outras dificuldades: as financeiras. A recuperação econômica nacional ainda está longe e Xangai não é a única afetada, outras cidades também sofrem com os danos da covid-19 e suas variantes, e os problemas com dinheiro.
O impacto econômico na China atualmente é maior do que o enfrentado no início da pandemia. No setor privado, a expectativa é a de contração do Produto Interno Bruto. Qualquer crescimento que possa acontecer, nesse cenário, será razoável, nada que possa movimentar a economia.
De que forma o cenário impacta o mercado global?
Durante a lockdown, houve a paralização da produção nas fábricas, provocando um efeito negativo no mercado de semicondutores e chips necessários para a montagem de carros, smartphones, equipamentos hospitalares, eletrônicos, entre outros segmentos.
Com a volta da produção, a tendência é a dos preços mais altos dos produtos, em função do aumento do valor da matéria-prima. Um dos mais abalados, o setor de alumínio, fornece matérias-primas para segmentos como montadoras de veículos, construção civil, empresas de embalagens e de eletrodomésticos, o câmbio e a desorganização da cadeia produtiva também são os fatores que mais pesam para a alta da inflação.
E a logística?
Reduzir a inflação depende também da reorganização da logística, já que as restrições ocasionaram desequilíbrios entre as demandas e ofertas de produtos, descumprimento de contratos, pressão na capacidade de portos, navios e contêineres. Com tudo isso, os preços explodiram. E esse cenário difícil/complicado não vai parar por aí: a cadeia global de suprimentos e logística provavelmente continuará instável e, para amenizar o quadro de inflação global, um dos principais passos será reequilibrar o fluxo logístico.