
Reorganização e recuperação da economia global também foram decisivas para o aumento da busca pelos produtos do agronegócio brasileiro
As exportações do agronegócio do Brasil cresceram 25% e fizeram o melhor junho da história. Os preços subiram 30% no mercado internacional e atingiram 12,11 bilhões de dólares, recorde para o mês. A reorganização e a recuperação da economia global foram decisivas, com a alta brasileira puxada pela exportação da soja em grão.
Mas há outros fatores que influenciaram esse cenário favorável. A demanda externa por produtos brasileiros é um deles e se deve, em parte, à perspectiva de arrefecimento dos conflitos entre os países em guerra e que os acordos comerciais entre Estados Unidos e China se estabeleçam. Esse cenário traz a possibilidade de acomodação de mercados e as empresas conseguirem se planejar melhor.
Outro pronto é a desvalorização do dólar, resultado das políticas do governo de Donald Trump, o que torna também a compra de insumos pelo Brasil mais barata.
“Isto não reflete necessariamente que a economia brasileira esteja movimentada. Reflete, sim, que o dólar está desvalorizado, deixando o produto brasileiro mais competitivo. Ainda mais por considerar que agregamos valor aqui, principalmente nas agroindústrias”, avalia o CEO da Victoria Advisory, Vinicius Lisboa.
É recomendável que as empresas se organizem e se planejem ainda mais para exportar. Lisboa destaca que há uma carência de equipamentos impulsionada pela alta demanda dos Estados Unidos.
“As empresas devem focar no planejamento logístico para atender com eficiência essa alta do mercado exterior”, indica.[U1]
Impactos do Canal de Suez na logística internacional
Desde o final de 2023, o Canal de Suez vem enfrentando interrupções devido a ataques de militantes Houthis no Mar Vermelho. Com o aumento da tensão, grandes armadores estão desviando suas rotas para o Cabo da Boa Esperança, o que torna o transporte mais caro e demorado. O canal, responsável por 12% do comércio marítimo global, é estratégico para o fluxo de petróleo e mercadorias entre Europa e Ásia.
Esse desvio impacta diretamente os custos logísticos, com menos navios em rota, aumento nos preços do petróleo e atrasos no abastecimento global.
Quando o Canal de Suez apresenta problema, o escoamento de petróleo que ocorre por ali é afetado. Os preços do petróleo são diretamente atingidos e causam uma “bola de neve” na cadeia do mercado global de formação de preço.
“É possível que esse movimento signifique uma pressão para o aumento de custo. Na logística, significa menos navios em rota, o que exige um replanejamento de itinerário por parte do armador para que os navios não passem por esse caminho”, explica Lisboa.
Na realidade, além dos atrasos, o problema ocasiona adiamentos logísticos. A interrupções no canal causam diretamente aumento nos preços do petróleo, gás e produtos de consumo, ocasionando gargalos na cadeia de abastecimento global.
Diante disso, somente uma visão completa sobre os cenários globais identifica rotas, modais de transporte, fornecedores e centros de distribuição mais eficientes para as empresas se prepararem.
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