Alta dos fretes marítimos exige planejamento coordenado de importadores

Contratos Tier 1 e gestão ativa garantem espaço nos navios e reduzem custos extras

O mercado global de logística internacional atravessa um período de forte elevação nos custos do frete marítimo. A rota Ásia–Brasil, em especial, vem sentindo os efeitos mais intensos. Em abril deste ano, o valor médio de um contêiner estava em torno de 950 dólares e, em junho, já ultrapassava os 5 mil dólares, apresentando um aumento de quase 600% em apenas dois meses.

Segundo Vinicius Lisboa, CEO da Victoria Advisory, a escalada é resultado direto da combinação de fatores sazonais da temporada de pico (peak season), quando exportadores e importadores em diferentes partes do mundo concentram pedidos e embarque ao mesmo tempo.

No caso da rota Ásia-Brasil, os principais gatilhos da temporada de pico são a preparação para o Natal no Ocidente; os impactos do Feriado Chinês, conhecido como Festival do Meio Outono; e a reposição de estoques globais para o último trimestre do ano.

“Todo ano, nessa época, o mercado entra em um ciclo de forte pressão sobre os fretes. As fábricas chinesas reduzem ou paralisam a produção por até 30 dias, ao mesmo tempo em que o Ocidente intensifica os pedidos para abastecer estoques de final de ano. Essa corrida por espaço faz os custos dispararem”, explica Lisboa.

O cenário impacta os importadores do Brasil, especialmente aqueles que dependem da rota com a Ásia. O movimento significa custos mais altos e maior risco de falta de espaço em navios ou até mesmo de escassez de contêineres disponíveis para estufagem de mercadorias.

“O mês de setembro representa a última janela para embarcar com fretes ainda em patamares menores. Quem não se planejar agora terá de competir por espaço em condições muito mais onerosas”, alerta o CEO da Victoria Advisory.

Lisboa ressalta que o impacto é mais severo em pequenas e médias empresas, já que elas não têm contratos de volume com os armadores, como ocorre com grandes importadoras.

“As empresas menores sofrem mais porque não possuem pacotes de embarques fechados em lotes. É justamente por isso que contar com uma assessoria especializada faz diferença, ajudando a ganhar previsibilidade e poder de negociação”, orienta.

Para enfrentar os problemas do período, o executivo recomenda uma postura ativa dos importadores, reduzindo riscos e garantindo competitividade. O ideal é antecipar os embarques de final de ano até novembro; negociar fretes com ao menos 30 dias de antecedência; solicitar antecipação dos pedidos para dezembro, janeiro e fevereiro já em novembro, sempre monitorando a variação cambial; e  buscar agentes de carga com contrato Tier 1, que garantem prioridade de espaço em embarques estratégicos.

Além disso, alternativas como consolidação de cargas, diversificação de fornecedores e, quando viável, o uso de rotas alternativas, podem ajudar a minimizar gargalos logísticos.

A pressão sobre os fretes não deve se limitar ao fim de 2025. A expectativa é que o movimento siga até, pelo menos, o primeiro trimestre de 2026.

“Historicamente, a normalização só ocorre a partir de março. Ou seja, quem depende de importações da China precisa pensar em planejamento de longo prazo, não apenas em ações emergenciais”, reforça Lisboa.

O CEO da Victoria Advisory destaca que a logística internacional exige gestão coordenada e decisões baseadas em inteligência de mercado.

“Quem se antecipa transforma o desafio em oportunidade. Nosso trabalho é justamente capacitar os importadores a fazerem as melhores escolhas para os seus negócios”, conclui.


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