Reconfiguração do comércio marítimo pressiona logística brasileira e aumenta desafios para exportadores

Com menos navios e contêineres disponíveis, Brasil enfrenta alta nos custos de frete, atrasos e incertezas nas exportações e importações

O recente acordo comercial entre os Estados Unidos e a China tem gerado repercussões significativas no comércio marítimo global. O aumento da demanda por embarques destinados aos mercados norte-americano e chinês tem impactado diretamente a logística das rotas internacionais.

Para atender a essa nova demanda, muitas companhias marítimas vêm reposicionando navios e contêineres para rotas mais lucrativas. Como resultado, nações da América do Sul e África estão sofrendo com essa reestruturação, registrando um aumento expressivo nos custos de frete e redução na disponibilidade de contêineres e espaços em navios para exportações brasileiras.

Além disso, os operadores portuários tem dado preferência para cargas destinadas aos Estados Unidos, país com margens de lucro mais elevadas, o que leva a uma menor quantidade de paradas nos portos brasileiros. Isso gera atrasos, remanejamentos de bookings e, em alguns casos, o cancelamento completo de embarques com destino ao Brasil.

A escassez de espaço nos navios também tem tornado o processo de reserva de embarques mais restrito. Atualmente, é necessário realizar bookings com maior antecedência. É necessário, em média, três a quatro semanas, principalmente no caso de produtos sazonais ou de alto giro, cuja janela de comercialização é limitada. Isso impacta severamente as empresas de pequeno e médio porte, que frequentemente não possuem a mesma capacidade financeira e operacional das grandes corporações para planejar e assegurar espaço, tornando-se suscetíveis à incerteza logística.

No contexto específico do intercâmbio comercial entre China e Brasil, os custos de importação podem crescer entre 20% e 50%, dependendo do trajeto e do tipo de carga transportada. A falta de contêineres vazios na Ásia para atender rotas com destino ao Brasil eleva os custos logísticos e compromete o planejamento das operações.

Diante desse cenário, Vinicius Lisboa, CEO da Victoria Advisory, destaca a importância de uma postura estratégica por parte das empresas brasileiras. Segundo ele, é essencial que os empresários busquem alternativas para evitar os impactos da redução da capacidade marítima. “Em tempos de alta demanda e redução de capacidade, o planejamento antecipado é a chave para minimizar riscos. A negociação antecipada com armadores pode garantir não só espaço, mas também melhores condições comerciais, o que impacta diretamente nos resultados”, comentou.

Lisboa enfatiza a importância de estabelecer acordos prévios com armadores e agentes de carga. “Negociar com antecedência permite às empresas assegurar embarques regulares e obter cláusulas contratuais mais vantajosas, evitando surpresas que podem comprometer toda a cadeia logística”, completou o CEO.

Apesar da situação inesperada e incerta, Lisboa acredita que, apesar das dificuldades, o setor tende a restabelecer, gradualmente, o seu equilíbrio.

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Alteração da supremacia comercial entre os Estados Unidos e a China nos últimos anos (Fontes: US Census, Customs of China).

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